O impacto de saber que aquela jovem em sua frente pode ser sua filha faz com que Daniel mude totalmente sua expressão e ela sente que não foi um bom momento de contar-lhe isso.
-
Você está afirmando pra mim que é minha filha? – Diz Daniel, se levantando da mesa
em imediato.
-
Eu não tenho certeza, mas acredito que sim. – Diz a jovem.
-
Caramba, menina! Que absurdos você me fala! Eu lhe dei uma chance, porque meu
filho me pediu e ainda sou pego de surpresa em saber que posso estar diante de
uma filha, ainda mais com aquela mulher!
-
Aquela mulher tinha nome. Ela se chamava Maria. – Diz Gabi, já engrossando um
pouco a voz.
-
Você conheceu o histórico de sua mãe? – Questiona Daniel.
-
Eu conheci sim. Minha mãe não foi uma mulher perfeita. Ela cometeu erros, mas
sei que no fundo ela me amava e nunca mentiria pra mim.
-
Sua mãe Maria cometeu atrocidades que são impagáveis. Eu e as pessoas que a conheceram,
testemunharam muitas coisas dela. Por favor, não a defenda sem saber o que de
fato, aconteceu no passado.
-
Eu não estou defendendo. Eu só não quero que falem mal dela pra mim.
-
O que você quer, Gabi de mim? – Pergunta Daniel a encarando de frente. – Você já
conseguiu o emprego. Agora o que você quer mais de mim?
-
Eu só quero conhecer melhor o meu pai. – Diz Gabi, séria.
-
E você acha que eu sou o seu pai? Sua mãe pode ter se relacionado com outra
pessoa. Você não acha isso possível?
-
Daniel, a minha avó nunca mentiria pra mim. Ela tinha seu endereço e foi
através dessa pista, que eu cheguei até você. Eu estou aqui pra entender o que
de fato, aconteceu pra você estar ausente da minha vida. – Declara a jovem, já
angustiada deixando Daniel sério.
Em
casa, Gisele toma um café quando batem a campainha toca. Eram os seus pais. Ao
abrir a porta, ela já muda de expressão quando Yolanda entra imediatamente, reclamando
da vida.
-
O trânsito está um inferno. Achei que não chegaria nunca e ainda mais, o seu
pai lerdo no volante.
Gisele
e Constantino se entreolham.
-
Sua mãe acha que eu como motorista, tenho que pegar o carro e correr na estrada
que nem louco, desrespeitando os sinais de trânsito. Depois, sou preso e aí
sim, ela vai ter que me visitar na prisão.
Gisele
sorri com as palavras do pai enquanto a mãe fica séria.
-
Está rindo porque não é contigo, minha filha! Tenho que aturar essa mala.
-
Vocês se amam e isso que importa. Eu vou levar as malas pro quarto de hóspedes!
-
E o meu neto, cadê? – Pergunta Yolanda.
-
Jogando vídeo game no quarto. Vou chamar!
-
Não! Deixa que eu vou. Conheço o caminho. – Diz a avó subindo as escadas
enquanto Constantino fica a observando.
-
Ela não muda nunca. – Comenta Gisele.
-
A verdade dos fatos é que ela nunca vai mudar. – Diz Constantino.
Em
mais um dia de trabalho, Valentim recebe uma ligação no whatsapp de uma cliente
que precisa de um motorista particular pra leva-la em um certo endereço e ele
consente em busca-la em poucos minutos. Chegando no local combinado, a mulher
entra no carro com uma bolsa e senta na parte de trás do veículo.
-
Boa tarde! Para qual lugar, a levo?
-
Boa tarde! Vou ficar no Méier. – Responde a cliente.
-
Ok! – Diz Valentim, que dá a partida.
Assim
que o carro sai, um outro veículo atrás o segue e de dentro dele, um
desconhecido fala no celular:
- Ela acabou de entrar num carro de aplicativo.
No
escritório, Daniel não consegue aceitar que Gabi pode ser sua filha e o clima
esquenta na sala.
-
Por que você não assume que teve algo com minha mãe no passado? – Questiona Gabi,
revoltada.
-
A minha relação com a Maria foi um erro.
-
Então, eu sou um erro pra você. – Diz a jovem.
Drica
e Sarita escutam algumas vozes alteradas da sala e se entreolham. Elas decidem ir
até lá pra averiguar.
-
Daniel, desculpe entrar assim na sala. Está tudo bem por aqui? – Pergunta Drica
preocupada, ao lado de Sarita que se aproxima em seguida.
-
Drica, está tudo bem. Nos deixam à sós, por favor!
-
Eu vou embora. Não tenho mais nada pra fazer aqui. – Diz Gabi, pegando a sua
bolsa.
-
Eu quero que você fique. – Pede Daniel, com voz firme.
Drica
e Sarita se entreolham e em seguida, saem da sala.
-
Agora, você vai me ouvir. – Diz Daniel, deixando Gabi séria.
Pedro
fica feliz ao ver a avó e a abraça fortemente.
-
Senti tanto a sua falta, meu neto!
-
E eu da senhora. – Diz Pedro, a beijando na testa.
-
Estou sabendo que o senhorzinho está namorando.
-
Ainda não! – Diz o rapaz, sorrindo timidamente.
-
Sei. Não foi assim que me contaram.
-
Sério, vó! Eu estou conhecendo uma menina, mas ainda não pedi em namoro.
-
Mas por quê meu neto?
-
Eu ainda estou analisando o momento certo.
-
Entendi. Espero que essa garota não interfira no seu plano de se tornar um
medalhista na natação.
-
Não, vó! Ela me apoia. A Gabi é uma boa pessoa. A senhora vai gostar dela. –
Diz Pedro, entusiasmado.
Gisele
que passa perto da porta, ouve aquilo e fica séria, com uma certa preocupação
em mente. Ao descer a escada, ela se depara com o pai.
-
Filha, está tudo bem contigo?
-
Sim, pai. Só estou um pouco pensativa.
-
Sua mãe quando está com o Pedro, parece até carrapato. Não consegue se
desgrudar nem um minuto.
-
Pai! – Diz Gisele, pegando-o pela mão e levando para a cozinha.
-
Filha, que houve?
-
Queria te pedir um conselho.
-
Bom, se eu puder ajudar.
-
O Pedro recentemente conheceu uma garota e se aproximou muito dela nesses últimos
dias.
-
Filha, que mal tem isso? Uma hora, isso iria acontecer.
-
Eu sei. Só que estou preocupada com uma coisa. A gente não sabe muito a
respeito dessa garota e parece que nem ele.
-
Gisele, se aquiete! Deixa o Pedro curtir esse momento dele. Por que se
preocupar com uma coisa que está acontecendo tão naturalmente?
-
Eu tenho receios, meu pai! Se fosse com a Latiffa, tudo bem. Até eu não ficaria
preocupada. Mas é uma garota que a gente nem ao menos sabe de que família veio,
entende?
-
Faz o seguinte: espere por mais alguns dias e veja se o Pedro vai levar essa
jovem a sério. Se ele querer algo sério com essa garota, o mínimo que vai acontecer
é ele chegar em vocês e apresenta-la, como namorada. – Comenta Constantino.
-
Eu não duvido que isso ele possa fazer mais pra frente, meu pai. Até vaga de
emprego, Daniel ofereceu para a jovem porque ele mesmo pedira. – Diz Gisele,
deixando o pai perplexo.
Em
pleno trânsito, o sinal fecha e Valentim decide esperar a liberação, com a
cliente um pouca ansiosa no banco de trás.
-
Oh moço, será que não tem como ir logo. Estou com pressa!
-
Eu não posso sair agora. Tenho que esperar o sinal abrir. – Diz Valentim, com a
mão no volante e atento ao semáforo.
A
cliente fica preocupada e Valentim percebe pelo retrovisor. O que ele não percebe é
que tem um veículo atrás dele e que está o seguindo. Assim que o sinal abre, o
carro continua o percurso até chegar dentro de uma rua com pouco movimento de
trânsito, no qual o veículo de trás acelera em imediato até colar no carro
dele, o fazendo parar de repente.
-
Pare o carro agora mesmo! – Grita o motorista do outro veículo, assustando
Valentim e a cliente.
-
Mas que merda é essa! Quem é você? – Pergunta Valentim, indignado e fazendo a cliente
ficar preocupada.
-
Polícia! – Diz o motorista, saindo do carro e mostrando a carteira. – Saiam do
veículo os dois com as mãos na cabeça!
Chegando
em casa, Murilo procura por Grace e estranha o chuveiro ligado no banheiro.
-
Amor, você está no banho?
Grace,
ouvindo a voz do marido responde:
-
Murilo, por favor me ajude!
Murilo
corre até o banheiro e a encontrando caída no box, decide ajuda-la em imediato.
-
Grace meu amor, que houve?
-
Eu estou perdendo muito sangue. Nosso filho, Murilo! Eu não quero perdê-lo. Por
favor, me ajude!
-
Calma Grace! Eu vou te levá-la pro médico agora mesmo. – Diz Murilo, discando o
número rapidamente no celular e ligando pra emergência.
No
escritório, Gabi se senta diante de Daniel novamente e decide ouvir o que ele tem
a dizer.
-
Já que você declara ser minha filha, vamos tentar colocar os pingos nos is. –
Diz Daniel, sensato.
-
Eu sei da sua existência através da minha avó, porque a minha mãe não chegou a
comentar de você pra mim. Ela faleceu antes.
-
Vamos raciocinar: se eu fosse realmente o seu pai, a sua mãe deveria ter me
contado muito antes de eu ter formado uma família, não acha?
-
Olha, Daniel eu não sei porque razão minha mãe não falou de mim pra você, mas
eu não tenho culpa que nasci sem a presença de um pai.
-
Eu só quero entender porque Maria fez isso comigo. Ela deveria ter me contado
antes de cometer as atrocidades e ter sido presa, por conta de um assassinato. –
Declara Daniel, sério.
-
Nem eu entendo porque ela faleceu. Não consigo aceitar que minha mãe morrera
naturalmente.
-
O dia que sua mãe morrera, eu estava com ela.
Os
olhos de Gabi se arregalam.
-
Sua mãe tentou matar Gisele, minha mulher hoje em dia e ela morreu em meus
braços.
-
Você a matou? – Pergunta Gabi, séria.
-
Jamais mataria a sua mãe. Ela mesma se matou acidentalmente. Sua mãe enfiou a
própria tesoura no peito. – Diz Daniel, sem nenhuma emoção deixando Gabi atordoada.
-
Ela jamais faria isso.
-
Se você não acredita, procure a minha mulher. Ela vai dizer a mesma coisa pra
você!
Gabi
pega a sua bolsa rapidamente e sai da sala em imediato, batendo a porta com toda
a força e deixando todos assustados. Em seguida, Drica entra e pergunta:
-
Daniel, o que houve aqui?
-
Drica, parece que um vendaval entrou nessa sala de repente e acabou com meu
dia. – Diz ele, sério.
Valentim
fica assustado e sai do veículo com as mãos na cabeça conforme foi determinado, totalmente confuso enquanto a polícia aborda a
cliente, e remexe na bolsa dela, encontrando em seguida várias pedras de
cocaína.
-
Achamos o pacote, oficial! - Diz um policial, fazendo a mulher ficar assustada.
A
polícia averigua as drogas e Valentim fica perplexo.
-
Eu não tenho nada a ver com isso. Nem conheço essa mulher! - Se defende o motorista.
- Isso é o que vamos ver na delegacia. Vocês dois estão presos! – Declara o policial, diante de Valentim e da cliente que pegou carona no carro de aplicativo.
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